TILÁPIA: o peixe de água doce que invadiu o mar brasileiro

Você já imaginou encontrar um peixe de água doce nadando no mar? Pois é isso que está acontecendo com a tilápia, um dos peixes mais consumidos e cultivados no Brasil. Originária da África, a tilápia se adaptou ao ambiente salobro e está se espalhando pela costa brasileira, do Maranhão a Santa Catarina, segundo um estudo inédito publicado na revista científica Aquatic Ecology.

A pesquisa, realizada por 11 instituições científicas brasileiras, reuniu uma série de registros de tilápias no mar, feitos por pescadores, mergulhadores, turistas e moradores locais. Os vídeos e fotos mostram cardumes de tilápias em praias, ilhas, baías e estuários, em regiões de água fria e salina, que não são adequadas para a espécie de água doce.

Mas como as tilápias foram parar no mar? Uma das hipóteses é que elas escaparam ou foram descartadas das estruturas de aquicultura, que são as atividades de criação de peixes em cativeiro. A tilápia-do-nilo (Oreochromis niloticus) é a espécie mais encontrada no litoral brasileiro e também a mais cultivada no país, por seu rápido crescimento e alto valor comercial.

Outra possibilidade é que as tilápias tenham chegado ao mar pelos rios que desaguam na costa, onde elas já são consideradas invasoras. A tilápia é uma espécie exótica, que não é nativa do Brasil, e foi introduzida no país na década de 1950, para fins de pesca esportiva e alimentar. Desde então, ela se espalhou por quase todos os rios brasileiros, competindo com os peixes nativos por alimento, espaço e reprodução.

A adaptação das tilápias ao ambiente salobro pode ser explicada pela sua origem evolutiva. As tilápias pertencem à família dos ciclídeos, que são peixes que migraram do mar para a água doce há milhões de anos. Por isso, elas possuem uma capacidade de tolerar variações de salinidade e temperatura, que pode ser ativada em situações de estresse ambiental.

Os riscos da invasão de tilápias no mar
A presença de tilápias no mar pode trazer sérios riscos para os ecossistemas marinhos, que já sofrem com a poluição, o aquecimento global, a pesca predatória e a perda de habitat. As tilápias podem competir com os peixes marinhos por recursos, alterar a cadeia alimentar, transmitir doenças e parasitas, hibridizar com outras espécies e reduzir a biodiversidade.

Além disso, as tilápias podem afetar a economia e a cultura das comunidades costeiras, que dependem da pesca e do turismo. As tilápias podem ocupar as redes e as armadilhas dos pescadores, diminuindo a captura de peixes de maior valor e interesse. Elas também podem prejudicar a beleza e a diversidade das paisagens marinhas, que atraem os visitantes.

O monitoramento e o controle das tilápias no mar
Diante desse cenário, os pesquisadores alertam para a necessidade de monitorar e controlar a invasão de tilápias no mar, antes que ela se torne irreversível. Eles sugerem algumas medidas, como:
  Melhorar a fiscalização e a regulamentação das atividades de aquicultura, para evitar escapes e descartes de tilápias nos rios e no mar;
  Promover a conscientização e a educação ambiental dos aquicultores, dos pescadores e da população em geral, sobre os riscos e os impactos das tilápias no mar;
  Realizar estudos científicos sobre a biologia, a ecologia, a genética e o comportamento das tilápias no mar, para entender melhor os mecanismos de adaptação e invasão da espécie;
  Desenvolver estratégias de manejo e de erradicação.

E o que você acha sobre tudo isso?
Já pensou em um futuro breve pescar uma tilápia em alto mar?

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