Jornada do Acará Disco, parte I

Como já falei em outras mídias, estou nesse lance de aquarismo há muitos anos - literalmente desde moleque. Comecei com o aquário padrão da época: um 50x30x30cm, com cantoneiras de alumínio, e uma salada de peixes diferentes. Passado alguns anos, quando estava ali beirando a adolescência, consegui juntar recursos (leia-se restos de mesada e um dinheiro dado pelo meu avô de presente) e parti para montar um aquário maior. Essa é uma história que eu já abordei algumas vezes no podcast Aquarismo para Todos (quem puder dar uma moral, está nas principais plataformas de áudio). O que eu (ainda) não contei: desde aquele momento, em 1987, meu objetivo era ter um acará disco.

acará disco selvagemNo ano anterior, eu vi pela primeira vez um exemplar numa loja. Era uma loja de animais no bairro do Humaitá (Zona Sul do Rio de Janeiro), que era no meu caminho para o ponto de ônibus, voltando da escola. Entre paulistinhas, cascudos e afins, tinha um aquário mais reservado, com peixes redondos de nadar majestoso, que se agrupavam próximos a um tufo de vallisnerias. Naquele momento eu conhecia o rei dos aquários, o acará disco. Meu primeiro impulso foi levar um para casa, mas nitidamente eu não tinha espaço para isso. Aí fui conversar com o dono da loja, e no papo ele me deu o cartão de visitas do peixe: é reservado, não come qualquer ração, precisa de um aquário só dele e se assusta com facilidade. O que era para me desmotivar só me deu mais vontade. Guardei isso para o momento que tivesse um aquário maior.


Voltamos pra 1987: juntei meus trocados com os do meu irmão, e esboçamos o projeto de um aquário de 108 litros, mas com um design não convencional. Para caber no espaço entre uma das camas e a escrivaninha, seria um aquário "em pé": 60cm de altura, 45cm de largura e 40cm de profundidade. Detalhes de projeto à parte, montamos ele com um pedaço grande de tronco coletado perto de casa e logo imaginamos uma cortina de vallisnerias no fundo (junto a algumas cabombas) e um disco majestosamente nadando no centro. Passados alguns meses, migramos alguns peixes do aquário pequeno, doamos outros (entre eles uma tilápia zebra que cresceu acima de qualquer expectativa da época) e partimos pra comprar nosso acará disco. Na loja, escolhemos o nosso peixe, acondicionado de forma muito especial: dois sacos plásticos com uma barreira de jornal entre eles. Segundo o lojista, para evitar o estresse do transporte.



Chegando em casa, procedimento padrão: saco boiando por cerca de 15 minutos, e depois o peixe é liberado. Saiu um pouco assustado, fez um reconhecimento e depois de umas 2 horas elegeu um canto junto ao tronco para ficar. Final de história. Será? Não estava nem começando. Alimento os peixes no dia seguinte, e o disco segue em seu canto. Passam mais 2 dias, 3 dias, e nada do peixe comer. Quase 1 semana, jogamos os flocos bem perto dele. Vão descendo devagar, passam a menos de 1cm da boca do peixe, e nada dele comer. O ciclo se repete diariamente, e vamos ficando apreensivos. Passados mais ou menos 20 dias, o peixe, já muito magro e com cor mais escura, não resiste. 😖Ficamos arrasados, tentando entender o que fizemos de errado. Voltei na loja para tentar entender por que o peixe não comia. Lá, só comia cubos de tubifex (uma minhoca liofilizada, que era facilmente encontrada em lojas de aquarismo). Começava a minha saga... (continua na semana que vem)


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