Em nossas casas, sempre há alguém que aprecia o
cultivo de plantas, seja em pequenos vasos ou em jardins, não é mesmo? Porém,
frequentemente encontramos dificuldades ao cuidar delas. Por exemplo, você pode
ter adquirido uma planta exuberante em uma floricultura, levando-a para casa
cheio de felicidade. Com o passar do tempo, no entanto, você percebe que ela
perde seu viço e acaba morrendo algumas semanas depois. Logo, você descobre que
a planta precisava de luz solar e estava sendo mantida na sombra. Determinado a
ter sucesso, você decide comprar outra planta e, dessa vez, colocá-la em um
local ensolarado. Mas, para sua surpresa, essa planta também morre alguns meses
depois. O que aconteceu? Descobre-se que ela pereceu por falta de nutrientes no
vaso. Então, você compra uma nova planta e finalmente aprende a cuidar dela
adequadamente.
Em resumo, não basta apenas
adquirir a planta, é necessário cuidar dela.
No aquarismo, não é diferente. Não é suficiente, simplesmente, colocar as
plantas no aquário e esperar que a natureza cuide do resto. É preciso saber
como cuidar delas, fornecendo tudo o que precisam. Assim como nos jardins
residenciais e públicos, se você não cuidar, não terá sucesso. Cada planta
aquática possui suas preferências em relação à iluminação, CO2 e nutrientes.
Até mesmo as plantas classificadas como "low-tech" apreciam esses
elementos, embora em proporções diferentes. No entanto, todas as plantas
dependem dos mesmos elementos para sobreviver.
Vou detalhar um pouco mais sobre esses elementos.
CO2
Na atmosfera, o CO2 é abundante. Vemos constantemente alertas sobre o efeito
estufa causado pelas grandes emissões desse gás carbônico. No entanto, na água,
a disponibilidade de CO2 é muito reduzida, chegando quase a zero. E as plantas
precisam de CO2 para metabolizar os nutrientes. Sem CO2, não há fotossíntese, e
sem fotossíntese, as plantas não podem sobreviver. Isso se torna ainda mais
crucial quando se trata de plantas emersas, adaptadas ao ambiente aquático,
pois elas necessitam de uma quantidade ainda maior de CO2 do que as plantas,
essencialmente, aquáticas. Muitas dessas plantas adaptadas são comumente
utilizadas em aquários, como Ludwigias, Hygrophilas, Rotalas, Echinodorus,
Bacopas, entre outras. Por outro lado, plantas como Elodea, Cabombas, Valisnérias
e Rabos de Raposa são verdadeiramente aquáticas e conseguem sobreviver com o
pouco CO2 presente na água, sem a necessidade de injeção adicional de CO2. No
entanto, isso não significa que não se possa injetar CO2 para acelerar o
crescimento dessas plantas.
Iluminação
A iluminação é tão importante quanto o CO2. Sem luz adequada, as plantas não
podem absorver nutrientes e, sem essa absorção, as plantas acabam morrendo.
Como mencionado anteriormente, diferentes plantas têm necessidades diferentes
em termos de iluminação, algumas exigindo intensidade maior e outras se
adaptando a uma iluminação mais fraca. No entanto, todas as plantas precisam de
iluminação. É importante considerar também a coluna d'água, que atua como uma
barreira para a penetração da luz. Quanto mais alto o aquário, mais difícil
será para a luz atingir as plantas mais baixas com a intensidade desejada. Mas
como saber se você está usando a iluminação adequada? Costumo utilizar uma
fórmula simples que ajuda a direcionar o caminho correto ao montar o sistema de
iluminação. Calcule o volume total do aquário, excluindo o sump, e multiplique
o resultado por 0,75. O valor obtido representa a potência média de iluminação
que deve ser utilizada, levando em consideração o uso de LEDs. Vamos utilizar
um exemplo prático para ilustrar: suponha que o aquário tenha 100 cm de
comprimento, 40 cm de altura e 40 cm de largura. Multiplicando esses valores e
dividindo por 1000, encontramos o volume total: 100 x 40 x 40 = 160.000 / 1000
= 160 litros. Em seguida, multiplicamos esse valor por 0,75: 160 x 0,75 = 120
watts. Neste exemplo, uma iluminação de 120 watts seria suficiente para atender
às necessidades das plantas em um aquário de 160 litros. Vale ressaltar que
esse número não é absoluto, e você pode precisar de mais ou menos potência,
dependendo das plantas que possui. No entanto, essa fórmula fornece uma média
que atende a necessidade de muitas espécies de planta.
Nutrientes
Os nutrientes são essenciais para o desenvolvimento das plantas, mas sem CO2 e
iluminação adequada, eles não são absorvidos. Alguns nutrientes se formam
espontaneamente no aquário, como nitrogênio e fosfato, enquanto outros só
entram no aquário por meio de fertilizantes, como o potássio. Algumas plantas
conseguem crescer apenas com os nutrientes disponíveis no aquário, outras podem
precisar de uma fertilização básica adicional, ou ainda podem exigir uma
fertilização mais completa. No entanto, todas as plantas necessitam de
nutrientes. Portanto, como regra geral, é sempre recomendado o uso de
fertilizantes específicos para plantas em aquários. Mesmo as plantas que
conseguem se sustentar apenas com os nutrientes gerados no aquário podem se
beneficiar de uma fertilização adicional.
Você pode observar a importância desse tripé para o sucesso do aquário
plantado. É claro que existem outras variáveis a serem consideradas, que devem
ser abordadas em futuros artigos. No entanto, essas são regras básicas para
alcançar o sucesso.
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Autor: Robson Fonseca, Aquarista a mais de 35 anos e sócio proprietário da Base Flora.