Plantas x Algas x Fertilização - Um pouco da minha experiência e estudo

O que mais ouço, entre grupos de aquaristas, é que se deve suspender a fertilização líquida, quando ocorrer surtos de algas. E ainda tem aqueles que, ao mínimo sinal de algas, já entram em desespero, aplicando vários procedimentos para eliminá-las, e dá tudo errado. Mas, será necessário tanta preocupação com algas? Afinal, as algas fazem mais parte do ambiente aquático do que as plantas, aliás, as plantas são as invasoras, visto que a maioria delas, vivem melhor em estado emerso.

Primeiramente, vamos conhecer melhor as necessidades de plantas e algas. Algas, são vegetais simples e não precisam de muito para se desenvolverem, em qualquer poça de água, ocorre proliferação de algas e no aquário, não seria diferente. Sempre falo que não existem aquários sem algas e sim aquários com algas bem controladas, pode não estar vendo as algas, mas, tenha certeza que estão lá, só esperando uma brecha para se mostrarem. Já as plantas são vegetais mais complexos, que necessitam de vários fatores para que possam desenvolver dentro da água. Plantas precisam de uma boa fertilização, CO2 e iluminação apropriada para a espécie. Imagina uma planta, em seu estado emerso, como se encontra em contato com o ar atmosférico, possui CO2 em abundância, luz solar e solo fértil, como se fosse uma planta no jardim de sua casa. Quando essa planta vai para o aquário, o CO2 que está na água, é muito mais escasso, se comparado ao CO2 que se encontra na atmosfera, isso explica a necessidade de aplicar CO2 extra ao aquário, seja de forma caseira ou mais profissional, com o uso de cilindros apropriados. E a iluminação? A planta estava em contato com a iluminação solar, que é a mais completa que existe. E, quando vai para o aquário, encontra uma iluminação inferior. Por isso que, também, é muito importante ficar atento a iluminação de seu aquário, se a potência está de acordo com a necessidade da planta. A fertilização é a parte mais simples, porém, não menos importante, pois, basta seguir as instruções do fabricante e observar a necessidade de aumentar ou diminuir, pois plantas estão em constante mudança. Plantas precisam de nitrogênio, potássio, fósforo, cálcio, magnésio, ferro, manganês, boro, zinco, cobre, entre outros. Já as algas, não precisam nem de 1/3 desses nutrientes para se desenvolverem. Algumas algas, não precisam nem de iluminação.

Em resumo, um aquário plantado (ou com plantas) dever possuir um perfeito equilíbrio entre CO2, iluminação e fertilização, consequentemente, terá plantas saudáveis e algas sob controle. Imagina um tripé e, em sua base, um vaso de cerâmica. Para que o vaso não se quebre, as três pernas (ou pilares) devem estar bem seguras, pois, se qualquer um deles se quebrar, o vaso cai e se quebra também. Essa analogia se aplica, muito bem, ao conceito de um aquário em equilíbrio.



Então, qual a melhor forma de combater as algas? Ou melhor, de mantê-las sob controle?

A resposta é simples, mantendo suas plantas saudáveis.
Plantas e algas estão sempre competindo por nutrientes, porém, as plantas, por serem mais complexas, sempre vão ganhar das algas, não deixando sobras, logo, mantendo-as sob controle.

Vamos observar algumas situações que fazem com que as plantas percam essa competição, favorecendo as algas:
  • Escassez de CO2: quando não há CO2 suficiente para as plantas, elas não conseguem absorver todos os nutrientes de que precisam, logo, ficam fracas, chegando até a morrer. Diante disso, as algas se aproveitam da oportunidade e começam a se desenvolverem de forma muito rápida.
  • Iluminação insuficiente: quando a iluminação não é adequada as plantas que possui, os nutrientes não são absorvidos, em sua totalidade. Logo, mais uma vez, as algas terão vantagem nesse competição.
  • Escassez de nutrientes: as plantas precisam de uma nutrição completa, para que possam de desenvolver em toda sua plenitude. Por exemplo, o potássio é o responsável por transportar os demais nutrientes por toda a extensão da planta. Se falta potássio, o que acontece? Os demais nutrientes não vão exercer a sua função corretamente, logo, a planta vai enfraquecer e as algas, novamente, vão ser beneficiadas.
  • Excesso de nutrientes: as plantas absorvem tudo que precisam, porém, ainda há sobras para as algas que, novamente, são beneficiadas.

Um outro fato importante, como sabemos que temos um surto de algas?
Na minha opinião, que não é absoluta, é quando as algas começam a crescer, diretamente, nas plantas, cobrindo folhas e caules. Ou, quando começam a se destacar mais que as plantas.

E quando identificamos o surto de algas, devemos suspender a fertilização?
Com base do que já foi exposto, não é recomendado. No máximo, reduzir a fertilização pela metade. Veja bem, se a melhor forma de combater as algas é mantendo as plantas sempre saudáveis, se parar de fertilizar, as plantas vão enfraquecer e as algas terão mais força para dominar todo o aquário.

No caso de surto de algas, o que devemos fazer?
  • Verificar se o CO2 está sendo suficiente para as plantas que possui.
  • Verificar se a iluminação está muito fraca ou muito forte.
  • TPA mais frequente, com cerca de 30% a 50%, três vezes por semana.
  • Redução do fotoperíodo, mantendo a iluminação ligada entre 6h a 8h por dia. Aliás, não recomendo passar de 8h, mesmo que esteja tudo bem. Aquaristas mais experientes deixam a iluminação ligada por 10h ou 12h, porém, conseguem manter esse equilíbrio, pela experiência que adquiriram ao longo dos anos.
  • Manutenção mais frequente dos filtros.
  • Sifonar o fundo do aquário, retirando o excesso de matéria orgânica, sempre que for fazer a TPA.
  • Redução da ração dada aos peixes, pois o excesso de alimento gera muito fósforo e pode beneficiar as algas.
  • Observe se quantidade de peixes está compatível com o tamanho do seu aquário. Manter algas controladas, em aquários com uma população acima do recomendado, é muito mais difícil.
É importante observar que as algas podem dominar o seu aquário de um dia para o outro e a solução pode levar semanas ou meses.

Então, seja paciente, que a vitória é certa.

Espero ter ajudado. Até o próximo artigo. 
Ops!!! Não posso esquecer de comentar.
Sugiro que leia este artigo complementar, que expande ainda mais os conceitos abordados e oferece uma visão mais profunda sobre o assunto. Clique aqui e confira o artigo sobre Potássio (K).
____________________
Referências:
 * http://aquabase.com.br/wordpress/
 * Livro Aquapaisagismo: Introdução ao aquário plantado, por Maurício Xavier de Almeida e Rony Suzuki.
____________________
Autor: Robson Fonseca, Aquarista a mais de 35 anos e sócio proprietário da Base Flora.
 

Postar um comentário

Postagem Anterior Próxima Postagem