As algas são parte natural de qualquer ecossistema aquático. Estão presentes em lagos, rios e, claro, nos aquários. Embora um pouco de alga seja até sinal de que o sistema está biologicamente ativo, o excesso pode prejudicar a estética, sufocar plantas e comprometer o bem-estar dos peixes. Felizmente, é possível controlar — e até evitar — o crescimento excessivo de algas com medidas simples, baseadas no equilíbrio do aquário.
Por que as Algas Aparecem?
Algas não surgem "do nada". Elas se alimentam basicamente de luz e nutrientes. Quando há luz em excesso, nutrientes desbalanceados (especialmente nitrato e fosfato) ou falta de competição natural (plantas saudáveis), as algas aproveitam para se multiplicar.
Entre as principais causas estão:
Excesso de iluminação
Lâmpadas muito potentes, mal posicionadas ou ligadas por muitas horas favorecem a fotossíntese das algas. Um erro comum é manter a luz acesa por mais de 10 horas diárias, achando que isso vai "ajudar as plantas". O ideal é entre 6 e 8 horas por dia, com temporizador.
Desequilíbrio de nutrientes
Se você fertiliza sem controle, pode acabar alimentando mais as algas do que as plantas. O excesso de nitrato (NO3), fosfato (PO4) ou até ferro (Fe) pode causar surtos. A regra de ouro é: nutrientes + CO₂ + luz = crescimento de plantas, mas sem um deles, as algas vencem.
Acúmulo de sujeira, folhas mortas e restos de ração apodrecem e liberam compostos nitrogenados. Se você não realiza TPA com frequência, esse material se transforma em comida para algas.
Baixa circulação de água
Áreas do aquário com pouca movimentação tendem a acumular matéria orgânica e formar "zonas mortas". Nessas regiões, as algas — principalmente cianobactérias — se desenvolvem com facilidade.
Tipos Mais Comuns de Algas no Aquário
Diatomáceas (algas marrons)
Aparecem como um pó marrom sobre o vidro, substrato e objetos. Muito comuns em aquários recém-montados ou com baixa luz.
Causa: excesso de silicato e pouca iluminação
Controle: normalmente desaparecem sozinhas após a ciclagem. Otocinclus e caramujos Neritina ajudam na limpeza.
Algas verdes comuns
Formam pontinhos ou manchas verdes, especialmente nos vidros. Em pequena quantidade são inofensivas e comuns até em aquários saudáveis.
Causa: excesso de luz ou desequilíbrio entre nitrato e fosfato
Controle: raspagem manual, ajuste na luz e melhora no crescimento das plantas.
Algas filamentosas (fios verdes)
Podem formar tufos ou fios longos que se prendem a plantas e objetos. Difíceis de remover manualmente, podem sufocar folhas.
Causa: excesso de luz, fertilização mal feita e baixa competição
Controle: remoção manual, Siamese Algae Eater, aumento de plantas rápidas e controle de nutrientes.
Cianobactérias (algas azul-esverdeadas)
Parecem uma gosma verde-azulada com cheiro forte e tom escuro. Tecnicamente, são bactérias e não algas, mas se comportam como tal.
Causa: acúmulo de matéria orgânica, circulação fraca, substrato sujo
Controle: sifonagem, blackouts de 3 a 5 dias, melhora na circulação, uso pontual de eritromicina (com cautela).
Controle Natural: o Melhor Caminho
A melhor forma de manter o aquário limpo de algas é trabalhar a favor do equilíbrio natural. Isso envolve medidas simples, que devem ser rotina do aquarista:
Iluminação controlada
Use temporizador. Evite exposição à luz solar direta. Diminua a potência se o aquário estiver superiluminado. Luz a mais não significa plantas mais bonitas — significa algas a mais.
TPA (troca parcial de água)
Realize semanalmente, de 30% a 50% do volume. Isso remove excesso de nutrientes e mantém a água mais estável.
Plantas saudáveis
Plantas competem diretamente com as algas por nutrientes. Aposte em espécies de crescimento rápido como:
Higrophila polysperma
Rotala rotundifolia
Ceratophyllum demersum
Fauna algueira
Introduza espécies que ajudam naturalmente no controle:
Otocinclus affinis – ótimo para vidros e folhas
Camarão Amano – excelente com algas finas e restos de comida
Neritina natalensis – eficaz com algas marrons e verdes
Siamese Algae Eater (Crossocheilus) – indicado para algas filamentosas
Circulação eficiente
Posicione o filtro de forma a movimentar toda a água do aquário. Se necessário, adicione um wave maker ou bomba auxiliar.
Controle Químico (com moderação)
Embora o controle natural seja sempre preferível, em situações graves, pode ser necessário recorrer a produtos específicos para controle de algas. Mesmo nesses casos, é fundamental associar o uso a mudanças no manejo.
Funções comuns desses produtos:
Fontes líquidas de carbono orgânico: ajudam a suprimir algas ao estimular o metabolismo das plantas.
Inibidores de crescimento de algas: compostos que afetam a fotossíntese de algas sem prejudicar as plantas, se usados corretamente.
Antibacterianos específicos: utilizados para conter surtos de cianobactérias, aplicados de forma localizada.
Atenção: Nunca use produtos químicos sem antes identificar o tipo de alga e avaliar o impacto na fauna.
A Chave Está no Equilíbrio
Manter um aquário livre de algas não é questão de sorte — é resultado de observação, manutenção e equilíbrio. Quando luz, CO₂ e nutrientes estão em harmonia, as plantas crescem saudáveis e deixam pouco espaço para as algas.
Mais do que combater as algas, aprenda com elas: elas são um sinal de que algo no seu sistema precisa ser ajustado. E como todo aquarista experiente sabe: um bom aquário é aquele que se autoequilibra — com um pouquinho de ajuda nossa, claro.
Fontes e Referências:
Aquarismo Paulistas: https://www.aquarismopaulista.com/algas-aquario/
Zooplus Magazine: https://www.zooplus.pt/magazine/peixes/cuidado-do-aquario-e-tratamento-da-agua/algas-em-aquarios
The 2HR Aquarist: https://www.2hraquarist.com/blogs/algae-control/how-to-control-misc-green-algae?_pos=1&_sid=2897bfbc9&_ss=r
Aquabase: https://aquabase.com.br/wordpress/algas-x-plantas-competicao-direta-ou-diferenca-de-habitat/