Fertilização Líquida em Aquário Plantado: Guia Completo
A fertilização líquida é um dos pilares fundamentais para manter plantas aquáticas saudáveis e exuberantes em aquários plantados. Ela consiste na adição direta de nutrientes dissolvidos na água, promovendo o crescimento, a coloração e a resistência das plantas. Uma nutrição adequada depende do equilíbrio entre macronutrientes e micronutrientes, cada qual com funções específicas. E não podemos esquecer do carbono líquido, um grande aliado no controle de algas.
Macronutrientes (NPK)
Os macronutrientes são os elementos que as plantas mais consomem. Eles são:
Nitrogênio (N)
Função: Essencial para o crescimento foliar e para a síntese de proteínas e clorofila. Sua deficiência causa folhas amareladas, crescimento lento e queda das folhas mais velhas.
O ideal é manter o nitrogênio entre 5 a 10 ppm no aquário plantado. A principal fonte de nitrogênio é o nitrato, que é o resultado final da filtragem biológica. Porém, nem sempre ele está presente em quantidade suficiente para as plantas, sendo necessária sua suplementação por meio de fertilizantes líquidos.
Fósforo (P)
Função: Atua no desenvolvimento radicular, na floração e na formação de ATP (energia celular). Sua deficiência reduz o crescimento e pode causar manchas escuras nas folhas.
O ideal é manter o fosfato entre 0,5 a 2 ppm no aquário plantado. Uma parte do fosfato é gerada pela decomposição de restos de ração e outros compostos orgânicos, porém, raramente é o suficiente para as plantas, sendo necessária sua suplementação com fertilizantes líquidos.
Potássio (K)
Função: Regula o transporte de nutrientes, fortalece tecidos e melhora a resistência a doenças. A falta de potássio pode causar buracos ou bordas queimadas nas folhas.
O potássio só entra no aquário por meio de fertilizantes líquidos ou substratos férteis — ao contrário do nitrogênio e do fósforo, que podem ser gerados parcialmente dentro do sistema.
O ideal é manter o potássio entre 10 a 20 ppm no aquário plantado.
Carbono Líquido
Carbono líquido (ou carbono orgânico)
Função: Atua como um algicida, inibindo e controlando algas indesejadas. Não substitui o CO₂ injetado, mas funciona como um complemento, ajudando as plantas a absorverem nutrientes de forma mais eficaz. Pode ser aplicado diretamente na água ou nos focos principais de algas.
Atenção: Doses elevadas podem ser tóxicas para camarões, musgos e plantas mais sensíveis.
Micronutrientes
Micronutrientes (Boro, Zinco, Manganês, Cobre, Molibdênio, Ferro, etc.)
Função: São essenciais em pequenas quantidades para funções enzimáticas, produção de clorofila, metabolismo e estrutura celular.
Entre eles, destaca-se o ferro, o micronutriente mais absorvido pelas plantas. Ele é vital para a produção de clorofila, geração de energia e coloração, embora não seja o responsável direto pela coloração vermelha de algumas plantas — essa tonalidade está mais relacionada à qualidade da iluminação.
Estratégias de Fertilização
Existem diversas técnicas de fertilização, mas destacaremos três abordagens comuns:
1. Dosagem semanal
Consiste em dosar todos os nutrientes em quantidade suficiente para nutrir as plantas por uma semana.
Vantagem: demanda menos tempo do aquarista.
Desvantagem: alguns nutrientes podem se esgotar antes do fim da semana, prejudicando as plantas.
2. Dosagem fracionada
Consiste em aplicar doses menores várias vezes por semana.
Vantagem: reduz o risco de escassez dos nutrientes mais rapidamente consumidos.
Desvantagem: exige maior disciplina e constância por parte do aquarista.
3. Macronutrientes e micronutrientes em dias alternados
Consiste em dosar pequenas quantidades de nutrientes várias vezes por semana, alternando dias entre macro e micronutrientes.
Vantagem: permite melhor controle da disponibilidade de cada tipo de nutriente.
Desvantagem: requer planejamento e disciplina.
Considerações Finais
Todo fertilizante líquido possui uma dose padrão recomendada pelo fabricante. No entanto, essa dosagem pode (e deve) ser ajustada conforme o crescimento das plantas, realização de podas ou mudanças nas condições do aquário.
Adapte a fertilização ao tipo de planta, iluminação, substrato e presença ou não de CO₂. Um erro comum é superfertilizar aquários com plantas de crescimento lento, o que favorece o surgimento de algas.
Dicas Bônus
Utilize testes para monitorar a qualidade da água. Os mais importantes são: amônia, nitrito, pH, KH e GH.
Mantenha uma rotina de fertilização consistente, evitando variações bruscas.
Evite fertilizar excessivamente em tanques com baixa iluminação.
Realize trocas parciais semanais de 30–50% para evitar o acúmulo de compostos indesejados.
Se possível, utilize fertilizantes separados (N, P, K e micronutrientes) para um controle mais preciso.
Referências:
Guia Completo para Criar um Aquário Plantado Perfeito – 3Rumos
Crie um Paraíso Verde: Dicas para Montar um Aquário Plantado – Aquário e Peixes
Livro: Aquapaisagismo – Introdução ao Aquário Plantado (Maurício Xavier e Rony Suzuki)
Autores:
Robson Fonseca, Aquarista a mais de 35 anos e sócio proprietário da Base Flora.
Carlos Felicio - Aquarista Hobbysta, Criador e Administrador do Tô Aquariando.