Um guia prático e detalhado para quem quer conhecer, manter e reproduzir o Nannacara anomala — um ciclídeo-anão apreciado por aquaristas por sua cor, comportamento interessante e cuidado relativamente simples.
Origem e distribuição
Nannacara anomala é nativo da América do Sul, com ocorrência documentada principalmente na Guiana e no Suriname. Na natureza aparece em rios, riachos e áreas alagadas (savanas inundáveis) da zona costeira, onde costuma viver em água com vegetação densa e muitos esconderijos.
Características físicas
Tamanho: adulto geralmente entre 6–8 cm (algumas fontes citam até ~10 cm em casos raros), sendo o macho maior que a fêmea.
Dimorfismo sexual: machos mais alongados, com nadadeiras posteriores mais longas e coloração mais vibrante; fêmeas menores e menos ornamentadas.
Coloração: variedade de tons — do dourado/âmbar a padrões azul-esverdeados no rosto e flancos; existem linhagens selecionadas (ex.: “red”/“golden”) no comércio. Em época de reprodução a fêmea pode exibir padrões xadrez ou quadriculados.
Comportamento e personalidade
Temperamento: relativamente pacífico para um ciclídeo; adequado para aquários comunitários com espécies pequenas e não agressivas, desde que o espaço seja suficiente. Pode tornar-se protetor/territorial durante a reprodução.
Sociabilidade: aceita bem estruturas de hierarquia; recomenda-se manter um macho com várias fêmeas (harem) para reduzir agressão entre fêmeas.
Atividade: ativo em zonas de meio e primeiro plano; aprecia áreas com vegetação densa, troncos e pequenas cavidades. Não costuma cavar excessivamente nem destruir plantas.
Reprodução
Tipo reprodutivo: cuidadores biparentais/maior cuidado maternal — as fêmeas cuidam intensamente dos ovos e dos filhotes; o padrão comportamental inclui corte e defesa de território pelo macho. Durante o desova a fêmea muda sua coloração para um padrão quadriculado reconhecível pelos filhotes.
Local de desova: usam superfícies planas ou pequenas cavidades; no aquário podem desovar em potes de barro rasos, pedras planas ou em fundos protegidos.
Número de ovos: pode variar bastante; registros indicam até centenas (ex.: referências antigas citam números elevados), mas na prática de aquário hortas menores são comuns.
Cuidado com os filhotes: apenas a fêmea costuma cuidar diretamente (alimentação dos filhotes com material orgânico, proteção). Para aumentar taxa de sucesso, separar o casal em tanque de reprodução ou fornecer muitas plantas e esconderijos.
Alimentação
Na natureza: alimenta-se de pequenos invertebrados — vermes, crustáceos e insetos.
Em cativeiro: onívoro com preferência por alimentos proteicos; aceitará rações secas (flakes e pellets para ciclídeos), alimentos congelados/vivos (artêmia, daphnia, larvas de mosquito, vermes) e complementos vegetais ocasionais. Oferecer alimentação variada melhora cor e reprodução.
Frequência: 1–2 vezes ao dia em quantia que consuma em poucos minutos; filhotes requerem alimentação mais frequente com partículas menores.
Cuidados com o aquário
Parâmetros ideais (faixa recomendada):
Temperatura: 24–28 °C (manter estável).
pH: 6,0 – 7,5 (toleram pH ligeiramente alcalino até moderado; muitos mantêm bem em pH neutro).
Dureza (dGH): macia a moderadamente dura (valores práticos 5–15 dGH).
Trocas de água: manter boa qualidade — trocas regulares (ex.: 20–30% semanais/mensais conforme carga biológica) e controle de nitratos.
Tamanho do aquário e decoração:
Tamanho mínimo: recomendam-se tanques a partir de ~80–90 cm (ou 80 L+) para um casal ou harem com várias fêmeas; para exemplares solitários ou tanque de criação pode-se usar menor, mas espaço reduzido aumenta estresse e agressões.
Decoração: plantas densas (anubias, cryptocoryne, microsorum), troncos, raízes e pedras que criem cavernas/abrigo. Espaços abertos para nado também são importantes. Evitar substratos muito afiados; substrato de areia fina é apreciado.
Filtragem e circulação: filtro que proporcione boa qualidade de água sem corrente forte demais. Preferem corrente moderada a fraca.
Compatibilidade de espécies: tetras pequenos e pacíficos, corydoras, rasboras e outros ciclídeos-anões compatíveis são boas opções; evitar peixes muito grandes, predadores de filhotes e camarões (estes podem ser predados).
Doenças comuns: como outros ciclídeos, são sensíveis a más condições de água (protozoários, fungos, infecções bacterianas). Prevenção: quarentena de novos peixes, água estável e alimentação variada.
Dicas práticas
Para reprodução com sucesso, isole o casal em aquário com muitas plantas e um pequeno pote ou pedra plana para desova.
Mantenha baixa densidade populacional para reduzir estresse territorial.
Varie a dieta com alimentos vivos/congelados antes da desova para incrementar condicionamento.
Se houver agressão excessiva do macho, considere manter apenas uma fêmea por macho ou separar indivíduos agressivos.
Ficha técnica
Nome científico: Nannacara anomala
Nomes comuns: Golden dwarf cichlid, Goldeneye cichlid, Golden dwarf acara
Família: Cichlidae
Tamanho adulto: 6–8 cm (até ~10 cm em alguns relatos)
Temperatura: 24–28 °C
pH: ~6,0 – 7,5 (tolerância moderada)
Dureza: macia a moderada (5–15 dGH recomendado)
Dieta: onívoro — pellets/flakes de qualidade + alimentos vivos/congelados
Comportamento: geralmente pacífico; territorial na reprodução
Reprodução: desova em superfícies/cavidades; fêmea cuida dos ovos e filhotes; macho defende território maior
Aquário mínimo recomendado: ≈80–90 cm para grupo/casal em comunidade
Fonte:
The Aquarium Home: https://theaquariumhome.com/2024/12/19/goldeneye-cichlid-care-profile/
Aquatic Community: https://www.aquaticcommunity.com/cichlid/n-anomala.php
Seriusly Fish: https://www.seriouslyfish.com/species/nannacara-anomala