O órgão labirinto nos peixes

Você certamente já deve ter ouvido falar de peixes que possuem um órgão conhecido como labirinto. Este órgão é bastante comum em peixes populares no aquarismo como os Anabantídeos: Betta, Paraíso, Colisa, Tricogaster, entre tantos outros.

Existem mais de 370 espécies de peixes que respiram ar atmosférico. Eles se enquadram em duas categorias: respiradores facultativos ou obrigatórios. Os respiradores de ar facultativos só usam sua capacidade quando o oxigênio na água está baixo, enquanto os respiradores obrigatórios tem que respirar porque suas guelras não conseguem retirar oxigênio suficiente da água. Bettas e demais gouramis se enquadram nesta última categoria.

Todos os anabantídeos são peixes muito antigos, com fósseis que mostram sua existência há cerca de 35 milhões de anos, sem ter sofrido grandes modificações em sua evolução.

Gourami tomando goles de ar na superfície

Qual a função do órgão labirinto?

Em sua evolução, peixes que possuem o órgão se adaptaram a ambientes onde ocorre a carência de oxigênio dissolvido na água. Este órgão é uma adaptação para que estes peixes possam respirar ar atmosférico, igualmente como você que está lendo este artigo.

Se não conseguirem respirar o ar atmosférico, literalmente acabarão se afogando.

O órgão labirinto



Este órgão está presente não somente nos Anabantóides (gouramis) como já frisado, mas também em algumas espécies siluróides (bagres) que lhes permite captar o ar atmosférico sem intervenção branquial. Ainda assim, apresentam guelras que os auxiliam nas funções respiratórias.

Está localizado em cada lateral da cabeça do peixe, formado por ossos em forma de leque ou placas de queratina cujas bordas são densamente ramificadas e sustentadas por uma base óssea do esqueleto do peixe. Esta última presa ao quarto arco branquial.

Como funciona



Todo órgão labirinto funciona como meio de contato direto entre o ar e o sangue do peixe. O sangue é distribuído entre inúmeras ramificações. Este órgão é uma extensão das placas branquiais (ossos que ancora as brânquias). Vasos sanguíneos muito pequenos percorrem essas dobras ossificadas e retiram o oxigênio do ar de uma maneira muito semelhante aos pulmões.

Quando o peixe sobe até a superfície e engole várias vezes o ar, este será conduzido em direção a membrana superior do labirinto, que é irrigado com sangue, então o oxigênio se dissolve por meio do contato celular e é levado ao corpo do peixe pela artéria branquial, percorrendo todo o corpo em cada célula e órgão do peixe.

Logo depois o ar, ausente de oxigênio, será expelido em forma de bolhas. Este processo ocorre por poucos segundos, no qual observamos o peixe subindo a superfície e engolindo ar, liberando em seguida bolhas de ar pelas guelras carregada de CO2.

Este órgão também permite que alguns peixes, como os próprios Gouramis, construam ninhos de bolhas na superfície da água, que serão utilizados para fins reprodutivos.

Típica área alagada com presença de bambus. Biótopo bastante comum entre os Gouramis

Outras funções

Schneider, em 1911, estudou o órgão labirinto, concluindo que (de alguma forma) ele também funciona como um ressonador, ou seja, como um amplificador de vibrações que são enviadas para o ouvido e depois para cérebro para serem processados, assim como ocorre em peixes dotados do aparelho de Weber como alguns Cyprinídeos.

O labirinto é um órgão parcialmente vital, uma vez que é dotado por um conjunto complexo de ossos, influenciando na flutuação, natação, respiração e audição.

No aquário

Nano aqua com cerca de 10 litros e muitas plantas próximo a superfície


Peixes comuns no aquarismo como Betta e demais gouramis são respiradores de ar obrigatórios. Quando mantidos em aquário, tente criar um ambiente onde eles não se esforcem tanto para chegar até a superfície em busca de ar.

Para evitar que os peixes tenham que gastar muita energia para chegar até a superfície, ofereça plantas flutuantes ou plantas com folhas grandes, como samambaia de java, que cheguem perto o suficiente da superfície. Outros adornos que flutuem também podem ser utilizados.

Algumas espécies com o órgão labirinto

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Artigo retirado, com autorização, do site Aquarismo Paulista

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