Quando pensamos em peixes ornamentais que conquistaram o coração dos aquaristas ao redor do mundo, o tricogaster (ou gourami) certamente figura entre os favoritos. Seja pela sua beleza, pela tranquilidade no convívio com outros peixes ou pela facilidade de manutenção, essa espécie se tornou presença garantida em aquários de todos os níveis.

Neste guia completo, vamos explorar desde a origem e o comportamento do tricogaster até os cuidados com alimentação, reprodução e as variações mais conhecidas da espécie. Prepare-se para mergulhar nesse universo fascinante!

Origem e Distribuição

O tricogaster é um peixe de água doce originário do Sudeste Asiático, com ampla distribuição em países como Índia, Tailândia, Malásia, Indonésia e Vietnã. Na natureza, são encontrados em ambientes calmos, como lagos rasos, arrozais e áreas alagadas com vegetação abundante. Uma característica marcante dessa espécie é a presença do órgão labiríntico, que permite a respiração direta do oxigênio atmosférico — uma adaptação que os torna capazes de sobreviver mesmo em águas com baixos níveis de oxigênio, como aquelas encontradas em habitats alagados.

Variações Mais Conhecidas

Ao longo dos anos, o tricogaster passou a ser representado por diferentes espécies e variedades dentro do aquarismo. O Trichopodus trichopterus, por exemplo, é popularmente conhecido como tricogaster-azul ou três-pontos, por conta das duas manchas escuras no corpo e da terceira localizada no olho, formando a "tríade" que dá nome ao peixe.

Já o Trichogaster leeri, chamado de tricogaster-pérola, é uma verdadeira joia: seu corpo prateado é coberto por pequenos pontos brancos, lembrando pérolas, e uma faixa horizontal escura atravessa seu corpo da boca à cauda.

Outras variações incluem o Trichopodus microlepis, também conhecido como tricogaster-dourado, de coloração metálica e clara, além do Trichopodus pectoralis, conhecido como gourami-cobra. Este último, embora pouco comum no aquarismo, é muito criado em cativeiro em países asiáticos para consumo humano, devido ao seu crescimento rápido e carne apreciada.

Foto retirada da internet

Comportamento e Manutenção no Aquário

O tricogaster é um peixe de temperamento calmo e comportamento pacífico, o que o torna ideal para aquários comunitários. No entanto, é importante observar que os machos podem se tornar territoriais, principalmente durante o período reprodutivo. Para garantir o bem-estar da espécie, o ideal é mantê-los em aquários com, no mínimo, 80 litros, com plantas naturais, áreas de sombra, espaço livre para natação e locais para refúgio.

Eles preferem águas levemente ácidas a neutras (pH entre 6.0 e 7.5) e temperaturas que variam de 24°C a 28°C. Por conta de sua capacidade de respirar ar, é fundamental manter uma boa oxigenação na superfície e evitar cobrir completamente o aquário, garantindo que o peixe possa acessar a camada de ar acima da água. Luz moderada e um ambiente tranquilo ajudam a manter os tricogasters saudáveis e ativos.

Alimentação Variada e Balanceada

Como peixes onívoros, os tricogasters têm uma dieta bastante flexível. Em aquários, aceitam bem rações industrializadas de boa qualidade, tanto em flocos quanto em grânulos. No entanto, para garantir um desenvolvimento saudável e cores vibrantes, é interessante oferecer alimentos vivos ou congelados com frequência, como artêmias, larvas de mosquito e dáfnias. Vegetais escaldado como folhas de espinafre ou alface podem ser oferecidos ocasionalmente, enriquecendo ainda mais sua dieta.

A alimentação deve ser feita de uma a duas vezes por dia, em pequenas porções, observando sempre se os alimentos estão sendo consumidos por completo, para evitar o acúmulo de resíduos no fundo do aquário.

Reprodução e Cuidados com a Ninhada

A reprodução dos tricogasters é um dos momentos mais interessantes para quem deseja se aventurar na criação da espécie. O macho é o responsável por construir um ninho de bolhas na superfície do aquário, geralmente sob folhas flutuantes ou cantos e proteger até o nascimento dos alevinos. Quando o ninho está pronto, ele corteja a fêmea com exibições e leves abraços nupciais. Durante a cópula, a fêmea libera os ovos, que são fertilizados pelo macho e cuidadosamente colocados no ninho.

Após a desova, é recomendável separar a fêmea, pois o macho pode se tornar agressivo ao defender o ninho. Ele cuidará dos ovos até a eclosão, que ocorre entre 24 e 48 horas depois. Os alevinos podem ser alimentados inicialmente com infusórios, passando depois para náuplios de artêmia.

Dimorfismo Sexual

Identificar machos e fêmeas não costuma ser difícil. Os machos apresentam nadadeiras dorsais e anais mais longas e pontiagudas, além de coloração mais intensa, especialmente em época de reprodução.

As fêmeas, por sua vez, possuem corpo mais arredondado e menos coloridas, nadadeiras menores e tons mais suaves. Essa diferença facilita bastante a formação de casais para reprodução em cativeiro.